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Uma história de luta e coragem

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Mensagem por |GFW|.VINGANÇA JUDAICA Dom maio 31, 2009 6:11 pm

O relato abaixo é sobre a resistência dos confinados do Gueto de Varsóvia, uma história muito mal contada e conhecida a respeito da Segunda Guerra Mundial, que foi obra de alguns filmes e livros sobre o heroísmo de confinados completamente incapazes de fazer frente à um exército profissional e devastador, conseguiram provar que o ''impossível'' é capaz de ser vencido. Completamente cercados, destinados para os ''arbeit lagers'' ( campos de trabalho e concentração segundo os nazistas, campos de extermínio na prática) os judeus sitiados no Gueto de Varsóvia, um gueto onde os mesmos eram obrigados a permanecer até o destino fatal, lutaram até a morte apenas com algumas armas leves e bombas caseiras, enfrentando centenas de soldados nazistas corpo-a-corpo nas ruas. No final alguns pouquíssimos conseguiram escapar por vias subterrâneas para contar a história de heroísmo da maioria de seus amigos caídos em combate, com uma honra imprescindível e histórica que continua motivando gerações por gerações de todas os credos e raças na luta pela moral, pela vitória dos homens de ação e de bem contra a tirania e opressão.


Zivia Lubetkin: O dia 18 de abril de 1943 era a véspera de Pessach. Dois dias antes, o homem da Gestapo, Brund, entrou no escritório do Conselho Comunitário (o Judenrat) e disse que achava que o órgão não estava tomando conta direito das crianças judias.

Não havia comida nem legumes suficientes e ele sugeriu que os jardins de infância fossem reabertos para que as crianças pudessem brincar e rir, pois ele tinha certeza de que os judeus que haviam permanecido em Varsóvia eram produtivos e não havia perigo de deportação. Por experiência própria sabíamos que quando havia rumores no ar e se ouvia uma promessa desse tipo, era um mau sinal.

Tinham surgido rumores no gueto nos últimos dias antes de Pessach de que os alemães estavam-se aprontando para liquidar o gueto de Varsóvia. Outros tinham ouvido desse ou daquele alemão palavras de encorajamento, aconselhando-nos a lá permanecer. Mas no dia 18, o nosso policial judeu, que integrava o movimento clandestino, informou-nos que os policiais poloneses haviam dito aos policiais judeus que algo estava para acontecer naquela noite, apesar de não saberem exatamente quando.

A Frente de Combate Judaica existente no gueto, que contava com células de combatentes, declarou estado de alerta. Naquela noite, por volta da meia-noite, esse mesmo policial veio ver-nos para dizer que o gueto fora cercado.

Promotor: A essa altura, o Conselho Judaico já perdera o controle. Vocês estavam no controle da si-tuação, correto?
Z. Lubetkin: Isto ocorreu antes, ainda, entre janeiro e abril, talvez antes. O próprio Judenrat obedecia as ordens que emitíamos e fazíamos publicar em Varsóvia. Era uma época em que os judeus obedeciam.
Nós nos dividimos. Eu fui para um posto no número 33 da rua Nalewki. O comandante do grupo era Zechariah Auster. Os outros camaradas, Anilevich e outros, também se dirigiram a seus postos. Mordechai Anilevich foi até o número 29 da rua Mila. Naquela noite dissemos aos judeus que aquele que tivesse armas, lutaria. Todos nós tínhamos armas – e não apenas os que fazíamos parte da Frente de Combate. Dissemos: os que não tiverem armas, descerão aos abrigos subterrâneos. E, na primeira oportunidade, no tumulto criado pela luta, deixem-nos fugir para a parte ariana da cidade. Deixem-nos escapar para a floresta. Alguns se salvariam.

Para os grupos de combate, não havia que dar ordens. Aqueles jovens, homens e mulheres, aguardavam há meses com ansiedade pelo momento de poder atirar nos alemães. O dia amanheceu. Eu estava num sótão da rua Nalewki, 33, e vi os milhares de alemães armados com metralhadoras cercando o gueto. De repente, eles entraram no gueto, aos milhares, armados como se estivessem indo em direção à frente russa. Nossa célula constava de vinte homens, mulheres e jovens.

Cada um de nós portava um revólver e uma granada e todo um esquadrão tinha duas armas – e algumas bombas feitas de forma muito rudimentar. Era preciso acendê-las com fósforos. Era estranho ver aqueles vinte judeus, de prontidão contra um inimigo numeroso e fortemente armado, felizes porque sabiam que seu fim tinha chegado. Sabíamos que eles nos venceriam; mas sabíamos, também, que eles pagariam um alto preço por nossas vidas.

Sei que muitos de vocês não acreditarão, mas quando os alemães avançaram em direção a nossos postos e lançamos contra eles aquelas bombas e granadas de mão e vimos o sangue alemão jorrando pelas ruas de Varsóvia, após ter visto tanto sangue judeu derramado, nós ficamos em júbilo. O amanhã já não nos preocupava mais.

Aqueles heróis alemães bateram em retirada, atemorizados pelas bombas domésticas e granadas de mão. Uma hora mais tarde vimos um oficial ordenar que seus soldados recolhessem os mortos e feridos. Mais tarde, retiramos as armas deles. Portanto, no primeiro dia, nós, tão poucos que éramos e com armas que mais pareciam de brinquedo, conseguimos afastar os alemães do gueto. Mas é claro que eles voltaram. Eles tinham armas e munição, pão e água suficientes – e nós, não. Voltaram no mesmo dia, reforçados por tanques, e nós, com nossas bombinhas de gasolina, ateamos fogo num tanque durante esse embate. Quando, à noite, nos reunimos para fazer os relatos, constatamos que nossas baixas tinham sido irrisórias – apenas duas. Sabíamos que naquele dia centenas de alemães tinham tombado, mortos ou feridos.


Última edição por |GFW|.VINGANÇA JUDAICA em Dom maio 31, 2009 6:23 pm, editado 2 vez(es)
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Mensagem por |GFW|.VINGANÇA JUDAICA Dom maio 31, 2009 6:11 pm

Um ano depois, quando eu estava no lado ariano da cidade, encontrei-me com um alemão que me contou que tinha perdido um olho, naquele dia, lutando contra os judeus na rua Nalewki, 33. Ele me contou que tinha sido uma batalha e tanto, porque tiveram muitos mortos. Na época, eu não pude dar o devido valor à forma como tínhamos combatido. Mas se é que se pode fazê-lo a posteriori, tenho que admitir que há certo consolo para aquela luta quando digo que minha gente tinha-se lançado em sua última jornada.

A luta continuou durante vários dias. Os alemães não conseguiam derrotar-nos e, vez por outra, batiam em retirada. Só que nem todos os dias foram como os primeiros. Fomos tendo mais baixas e matando menos alemães. Foi então que os alemães mudaram de tática, forçando-nos a mudar a nossa. Da luta a partir de nossos postos, nas ruas, começamos a lutar em grupos pequenos. Divididos em vários grupos pequenos, ficávamos de tocaia, durante a noite, esperando pelos alemães.

Os alemães não vinham em grupos grandes, mas em pequenos. E assim que saímos à procura deles, eles vinham atrás de nós – tínhamos os pés amarrados com retalhos de pano para abafar nossos passos enquanto eles usavam calçados com solado de borracha. Só que nós conhecíamos bem o terreno; conhecíamos as casas; sabíamos onde esconder-nos; conhecíamos os sótãos e os porões. Os alemães, não.

E, assim, iam passando os dias e a luta continuava. Não dá para descrever a vida no gueto durante aquela semana. Eu já vivia lá há anos. Os judeus aguardavam, abraçavam-se, beijavam-se, nos primeiros dias. Apesar de cada um de nós saber com muita clareza que certamente não sobreviveríamos, pairava entre nós aquela sensação de que nós, judeus, tínhamos vivido para vingar nossos irmãos. Mas não havia vingança. Estávamos lutando por nossas vidas, estávamos revidando. Assim ficava mais fácil morrer.

Naquele segundo dia do levante, era Pessach. Em um dos bunkers, encontrei o Rabino Meisel. Nós, do movimento clandestino, tínhamos contato com ele também nos dias comuns, não só nas festas. Nem sempre os judeus ajudavam ou apoiavam nosso movimento. Nem sempre nos recebiam bem. Alguns achavam que prejudicávamos a comunidade judaica. Havia aquele sentimento de responsabilidade que o terror alemão tinha conseguido instilar. Quando entrei no abrigo subterrâneo, o rabino interrompeu o Seder e disse: “Seja bem-vindo! Agora vou morrer mais feliz. Pena que não fizemos isto antes”.

Desde o primeiro dia buscávamos contatos com o lado ariano. Tínhamos lá alguns amigos. Yitzhak Zuckerman (meu marido) era nosso representante lá e mantinha contato com o underground polonês para conseguir armas. E o conseguiu, após certo tempo.

Mas a questão era como contrabandear as armas para dentro do gueto. Naquela época, comuni-cávamo-nos por telefone além dos contatos através dos homens da Chevra Kadisha, a sociedade funerária judaica. Nosso cemitério ficava fora dos muros do gueto e, como esses homens estavam sobrecarregados de trabalho, entravam e saíam inúmeras vezes do gueto – e assim nos chegavam as armas. Recebemos no-tícias de Zuckerman de que conseguira uma quantidade de revólveres que seriam contrabandeados dentro de poucos dias.

Também utilizávamos os homens do serviço funerário para enviar cartas para fora do gueto e enviamos uma para Mordechai Anilevich. E, de repente, esse contato também foi interrompido.

Começamos a buscar formas de enviar alguns camaradas – tínhamos muitos poucos no lado ariano – para tentar conseguir armamentos e alimento, além de procurar um lugar onde nos esconder caso sobrasse alguém vivo. Disseram-nos que havia um bunker próximo ao muro que separava o gueto do setor ariano da cidade e que do bunker para lá havia um esgoto. Recebi ordens de inspecionar o tal abrigo.

O gueto esteve cercado, o tempo todo, por sentinelas e artilharia alemãs e qualquer movimentação dentro dos muros desencadearia uma saraivada de tiros. Era difícil chegar na tal casa, mas conseguimos. Encontramos um abrigo repleto de víveres e a saída para o lado ariano.

Além da Frente de Combate Judaica, que incluía toda a nossa juventude, de direita e de esquerda, havia um grupo revisionista na rua Muranow que preparara essa saída alguns dias antes, após uma luta intensa e corajosa, e resolvera atravessar para o lado ariano. Encontramos um deles, mais tarde, e ele nos contou a história. Foram todos capturados e assassinados.

Pela mesma saída – e desconhecendo a história dos jovens revisionistas – mandamos dois camaradas para estabelecer contato com os companheiros do lado ariano – Simcha Rathieser, que hoje vive em Jerusalém, e outro que está morto. Quando chegaram no lado ariano, um sentinela polonês os viu e, julgando serem poloneses, disse: “Sabem o que aconteceu aqui, há uma hora atrás?” – e lhes contou acerca da luta que acabara de acontecer.

O local estava cheio de alemães e ninguém podia entrar nem sair. E, mesmo assim, sua coragem – e talvez sua boa estrela – ajudou-os a escapar dos guardas alemães e contatar Yitzhak. Eles foram um importante reforço para aquele grupo pequeno, muitos dos quais tinha sido mortos no lado ariano logo nos primeiros dias de nossa luta. Eles ajudaram a evacuar os combatentes e também em todas as atividades do underground, que foram mantidas até a libertação.

Os alemães não conseguiam vencer-nos em batalhas campais, por isso adotaram outras táticas. Mas, contra o fogo, era quase impossível lutar. E eles nem precisaram lutar contra nós porque o fogo se encarregou disso.
Promotor: E foi então que ocorreram aquelas cenas de pessoas saltando pelas janelas dos andares altos, tentando fugir do fogo, correto?
Z. Lubetkin: Sim. Há fotos de homens e mulheres fazendo-no. Anteriormente havíamos conclamado os judeus a se esconderem nos abrigos subterrâneos, mas, de repente, todo um edifício começou a arder em chamas. E, quando a fumaça chegou ao bunker, as pessoas começaram a saltar do 4º, 5º, 6º andar, quase sempre com os filhos nos braços.
Promotor: As pessoas foram empurradas para fora dos edifícios com lança-chamas?
Z. Lubetkin: Sim. Quase sempre as pessoas saltavam de um incêndio para outro, enquanto as metralhadoras alemãs, colocadas em volta de todo o gueto, atiravam nos judeus, um por um, onde quer que estivessem, no ato.
Promotor: O que aconteceu com as pessoas que fugiam dos bunkers?
Z. Lubetkin: Saíam atrás de onde se esconder, em outros bunkers. Muitos deles se meteram pela tubulação dos esgotos, encontrando abrigo em alguma ruína. Outros foram capturados pelos alemães. E foram levados por eles ao campo de extermínio, em Treblinka.
Promotor: Quando vocês iniciaram o levante do gueto, tinham idéia de como terminaria? Tinham alguma esperança de derrotar o Exército alemão?
Z. Lubetkin: Não; não tínhamos nenhuma chance. Era o mês de abril de 1943. As vitórias russas no front estavam apenas começando. Estava muito claro para nós que não tínhamos a menor chance de vencer – vencer na própria acepção da palavra. Mas, creia-me, não se trata apenas de uma frase. Apesar do poderio deles, sabíamos que acabaríamos triunfando. Nós, os fracos; pois essa era a nossa força, a nossa crença. Acreditávamos na justiça, no homem, em um regime diferente daquele que os alemães professavam.n
Traduzido por Lilia Wachsmann
* Transcrição oficial da Sessão 25 do Juízo Federal de 1ª. Instância, em 3 de maio de 1961, do julgamento de Adolph Eichmann


Zivia Lubetkin, Zuckerman de casada, nasceu em 1914 em Byten, na Polônia. Era integrante da liderança do movimento juvenil Dror, uma das organizadoras dos primórdios do movimento clandestino judaico na Polônia ocupada e uma das fundadoras da Organização de Combatentes Judeus. Aos 16 anos, engajou-se no trabalho sionista juvenil. Em 1939, após a invasão da Polônia pelo Exército Vermelho, ela e alguns companheiros assumiram a missão de verificar, na fronteira com a Romênia, as possibilidades de fuga para emigrar para a Palestina. No final desse ano, participou do congresso clandestino do Dror, em Lvov, onde acatou a decisão dos companheiros de transferir-se para Varsóvia ocupada, para lá tentar reabilitar o movimento. Foi uma das figuras centrais do Levante do Gueto de Varsóvia, de lá conseguindo escapar pelos esgotos para a parte ariana da cidade. Sobrevivendo, emigrou para a então Palestina, onde, junto com o marido, Itzhak Zuckermann, ajudou a fundar o Kibutz Lohamei Haguetaot (Casa dos Combatentes do Gueto).
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Mensagem por |GFW|.VINGANÇA JUDAICA Dom maio 31, 2009 6:27 pm

https://www.youtube.com/watch?v=KBjqv3S6uf0&feature=PlayList&p=807C164B79DEBF1B&playnext=1&playnext_from=PL&index=30
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Mensagem por |GFW|.Wurger Dom maio 31, 2009 6:36 pm

Puta que pariu....história impressionante... Shocked Shocked Shocked Shocked


Vou ler com mais calma...favoritei o vídeo.
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